E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.
o frio traz as tréguas, água que corre da montanha e desce veloz pelo vale. tento hibernar-te junto ao peito.
se as palavras tivessem facas e me cortassem os lábios, a língua, as mãos, ao tentar segurá-las na boca,
e se as facas, afiadas, ao dilacerar a carne, escondessem a dor dentro das palavras,
então eu escreveria
30.11.14
27.11.14
CÓLERA
Comigo, a cólera não surge de repente. Por rápido que seja o seu nascimento, ela é precedida por uma grande felicidade, sempre, que se manifesta fremente.
É soprada de repente, e a cólera começa a ruminar.
Tudo em mim assume o seu posto de combate, e os meus músculos, que querem intervir, até doem.
Mas não há qualquer inimigo. Se houvesse, ficaria aliviado. Mas os inimigos que tenho não são corpos em quem bater, pois o corpo falta-lhes totalmente.
Todavia, passado certo tempo, a minha cólera cede... por cansaço talvez, pois a cólera é um equilíbrio muito difícil de manter... Há também a inegável satisfação de ter trabalhado, e ainda a ilusão de que os inimigos fugiram, renunciando ao combate.
26.11.14
falou-me com duas pedras na mão
eu atirei-lhas de volta
por pouco não lhe rachei a cabeça
parti o vidro duma montra
ficou parecida com uma teia de aranha
chovesse, então, era uma maravilha
veio um polícia e levou-me
bem lhe expliquei a situação
visivelmente não compreendeu
que uma metáfora por vezes
tem consequências pouco legais
multou-me e aconselhou-me
a não reincidir
coisa que fiz logo de seguida
eu atirei-lhas de volta
por pouco não lhe rachei a cabeça
parti o vidro duma montra
ficou parecida com uma teia de aranha
chovesse, então, era uma maravilha
veio um polícia e levou-me
bem lhe expliquei a situação
visivelmente não compreendeu
que uma metáfora por vezes
tem consequências pouco legais
multou-me e aconselhou-me
a não reincidir
coisa que fiz logo de seguida
23.11.14
20.11.14
19.11.14
17.11.14
16.11.14
já penélope não sou
nem ulisses regressa
mudo de nome noite
a noite ao sabor da saliva
dos meus amantes
de dia troco lençóis
coso bainhas
descanso os olhos
dantes tecia para
enganar a corte que
me servia de prisão
agora chamo-me eu
não tenho estado civil e
na cela que me tem cativa
tornei-me finalmente livre
nem ulisses regressa
mudo de nome noite
a noite ao sabor da saliva
dos meus amantes
de dia troco lençóis
coso bainhas
descanso os olhos
dantes tecia para
enganar a corte que
me servia de prisão
agora chamo-me eu
não tenho estado civil e
na cela que me tem cativa
tornei-me finalmente livre
14.11.14
13.11.14
12.11.14
11.11.14
assalta-me a ideia de que a vida é um acto em momento/movimento e eu já não faço parte dela. olho-me ao espelho e só vejo solidão, cinza disperso, boca disforme, vozes murmúrio que ficaram presas à memória. percorro mais uma vez a casa que foi nossa, a cama onde nos deitámos, não estás, a chuva recomeça.
Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.
Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.
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